4 de jun. de 2012

'Sucesso não é objetivo, é consequência'; diz Sandra

Além de estar no ar todas as tardes com o Jornal Hoje, na Globo, a paulistana Sandra Annenberg também pode ser vista apresentando o Globo Cidadania, no lugar de Serginho Groisman, desde sábado (2). O que muitos não sabem é que, antes de entrar para o time de jornalistas da emissora, há 21 anos, Sandra já tinha participado, como atriz, de novelas da SBT e Record, além de ter feito a série Tarcísio & Glória, exibida em 1988 na própria Globo e reprisada atualmente no canal Viva. A jornalista, que faz 44 anos amanhã, recebeu o JT na sede do canal, em São Paulo, poucas horas antes de assumir, mais uma vez, a bancada do Jornal Hoje.

O que muda no Globo Cidadaniasob seu comando?
Ele foi modificado no fim do ano passado. Na realidade, eram cinco programas separados: Globo Educação, Ecologia, Ciência, Universidade e Ação. Todos foram reunidos sob o guarda-chuva doGlobo Cidadania. No início deste ano, apresentei um projeto de um novo programa de educação para o Schroder (Carlos Henrique Schroder, diretor geral de Jornalismo e Esportes). Disse a ele que queria me dedicar a dar mais notícias boas. A ideia era um programa no GNT. Ele me respondeu que abriria espaço no Globo Cidadania e me convidou.

Você se diverte na bancada do Jornal Hoje com o Evaristo Costa. Ao aceitar apresentar o Globo Cidadania, o que muda nisso?
Nada muda. Eu e o Evaristo nos divertimos mesmo. Nos provocamos no ar sem jamais colocar o outro numa situação “deselegante” (ri).

Quando a repórter Monalisa Perrone foi agredida por um homem que interferiu na transmissão ao vivo e você fez o comentário "que deselegante", ela estava noticiando a internação de Lula. Mas ninguém lembra disso. Isso incomodou você?
Me incomodou, claro! No fim, conseguimos dar a notícia, apesar de tudo. A minha vontade era falar outra coisa, mas não seria elegante da minha parte. Tive de pensar rápido. O "que deselegante" tomou uma proporção que ofuscou a agressão e virou um bordão. As pessoas começaram a usá-lo como sinônimo para tudo que é absurdo. Esse bordão é, no mínimo, "elegante" de dizer.

E como é a interação com Evaristo? Vocês já trocaram beijos no dia do beijo e ele brincou com você fazendo um trocadilho com a palavra "mamão".
Virou um meme (quando uma situação fica popular na internet), não é? No teatro, existem três paredes. A quarta parede é o público, que está ali te olhando. Na TV, é a mesma coisa. Os comentários vêm com uma costura daquilo que, se eu estivesse na minha casa, diria. Quando interagimos, estamos quebrando a quarta parede.

Você já se emocionou e chorou mais de uma vez ao vivo.
Sim. Leio o texto inteiro da reportagem e sei o que vai entrar no ar, mas prefiro não ver a edição final. Quero ter o impacto do ao vivo o mais natural possível. Muitos editores sabem o quanto me emociono e me dizem: "Sandra, se liga. Essa matéria vai pegar". Daí já vou preparada. Mas tem hora que... Nossa! Não tem jeito.

Foi o caso do massacre na escola de Realengo, em 2011.
Sim. Sou exatamente como sou ali. Não altero meu jeito de ser. Sempre me coloco no lugar de quem está lá. Imagine a mãe de uma daquelas crianças assistindo pela televisão. Sim, porque começamos a transmitir ao vivo dizendo que um louco tinha entrado numa escola e estava atirando em todo mundo. Se sou a mãe, eu iria pensar: "Caramba! É a escola da minha filha". É de enlouquecer.

Você foi correspondente internacional em Londres com Ernesto Paglia, seu marido. Como foi esse período?
Foi ótimo. Foi a primeira vez que moramos fora do Brasil. Acumulei o cargo administrativo do escritório que é, ao lado de Nova York, um dos mais importantes da Globo. Na época, teve o atentado às Torres Gêmeas em Nova York, e o próximo alvo era a Europa. O Ernesto acabou sendo mandado para o Paquistão para tentar entrar no Afeganistão.

Como mulher dele, você ficou apreensiva com essa cobertura?
Sempre! Em todas as viagens dele. Ele sempre cobriu grandes eventos: Olimpíadas, Copa do Mundo, guerras, a libertação do Nelson Mandela. Mas tem uma adrenalina do profissional. Vivemos aquilo junto. Além de eu ficar torcendo.

Você tem um Fã Clube.
Fico feliz com essas reações carinhosas. Não me exponho, embora saibam da minha filha. Curiosamente, muitos não sabem com quem sou casada, mesmo já sendo casada há 18 anos.
(A melhor parte da entrevista: ELA SABE DA EXISTÊNCIA DO FÃ CLUBE!) 

Como lida com as críticas dos espectadores sobre sua aparência?
Cortei o cabelo curto há 21 anos e assim ficou. Nos últimos 21 anos, eu só envelheci.

A Fátima Bernardes, por exemplo, quando corta o cabelo, vira assunto nacional.
Tadinha da Fátima. Ela diz que o cabelo dela tem vida própria. As pessoas opinam. Mas é a Fátima. Ela tem uma outra relação com o cabelo. Não tenho paciência para fazer escova. Minha filha, ontem, me perguntou: "Mãe, quando parar de trabalhar na televisão, você vai deixar o cabelo crescer?" Acho que não. Já vejo ruguinhas no meu rosto. Vou fazer 44 anos.

Elisa, sua filha, tem 8 anos. Ela não quer ser jornalista?
Ela quer ser atriz. Ela curte musicais. Faz aula de sapateado, balé e canto. Acho que existe, sim, uma ilusão de toda criança de olhar e pensar: "Eu quero ser famosa". Dizemos que esse é um mundo efêmero, que não existe sucesso fácil. Várias vezes, ela diz que quer fazer sucesso. A gente diz: "Fazer sucesso não é o objetivo. É consequência".

Como se deu a transição das novelas para o jornalismo?
Fiz Escola de Arte Dramática da ECA-USP, mas não me formei. Sou formada em Jornalismo. Meus primeiros trabalhos foram de apresentadora de esporte, com Fernando Meirelles e Marcelo Tas. A vida foi me levando, fiz comerciais, virei atriz. Quando vi a dimensão que ser atriz tomaria na minha vida e que o mundo de celebridade não era o que eu queria, engatei uma ré. Eu já estava na Globo, com Tarcísio & Glória. Cheguei a fazer uma novela no SBT, e vi que não era isso.

Como é se assistir no Canal Viva, que exibe Tarcísio & Gloria?
É legal, né? Vi um episódio para mostrar para a minha filha. Eu estava com um cabelão e ela disse: "Não é você, não". Eu tinha 18 anos. Mas tem várias propagandas para televisão que eu fiz. Tem mais de 50. Saí de casa aos 18 anos graças ao comerciais. Não me arrependo, só me orgulho do meu passado. Trabalhei com Ronald Golias, Nair Bello, Denis Carvalho, Roberto Talma. Só gente boa.

Por que não quis ter mais filhos?
Eu queria ter uma filha. Ela foi planejada quando voltamos de Londres. Nasceu em 2003 e está de bom tamanho. Às vezes, ela diz que queria um irmão, mas depois cai em si e diz: "Não quero não. Quero você só para mim". Ela é uma figura.

Você pegou gripe suína em 2009. Como foi isso?
Foi um horror. Peguei no Rio de Janeiro, cobrindo as férias da Fátima no Jornal Nacional.

Ficou com medo de morrer?
Medo de morrer a gente tem sempre. Mas ninguém sabia nada da gripe suína. Foi assustador. Como tenho bronquite asmática, tive prioridade para receber o medicamento. De nós três, Elisa (a filha), eu e o Ernesto, só eu poderia receber o medicamento. Eles não eram grupo de risco. Fiquei afastada por dez dias do trabalho. Eu queria me salvar e me cuidar.

Fonte: E+

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